sábado, 10 de maio de 2014

A Euforia (Fado da Alma Vazia)

Quando eu dei por mim,
Era um pobre coitado.
Andava sem rumo,
Andava magoado.

Qunado era jovem,
Nada era sentido.
Tudo era falso,
Tudo olvidado.

Quando eu dei por mim,
Oh pobre coitado!
Chupava a garrafa
Até ao tutano.

A euforia!
O espanto!
Cheguei agora à casa,
Num pranto.

Estava tocado,
Embriagado.
Andava p'la rua
A pedir trocado.

Obrigado, vinho
Muito obrigado.
Deste-me a coragem,
De cantar o fado.

Mas que alegria!
Mas que magia!
Eu finalmente,
Sinto-me amado.

Oh maravilha!
Oh felicidade!
Levas o tempo,
Levas a vontade.

Oh maravilha!
Oh felicidade!
Levas-me a mim.
Levas-me o estandarte.

Mantras Para a Cura das Fobias Sociais (Repetir as vezes necessárias)

Eu gosto de falar com pessoas.

Eu gosto de conhecer estranhos.

Eu gosto de falar com estranhos.

Eu sinto-me seguro em público.

Eu sinto-me seguro em interacções sociais.

Eu sinto-me seguro ao conhecer pessoas novas.

Eu sinto-me seguro em lugares públicos.

Eu sinto-me seguro a ser o centro das atenções.

Eu sinto-me confortável a conhecer pessoas novas.

Eu sinto-me confortável ao falar com estranhos.

Eu sinto-me confortável ao andar em público.

Eu sinto-me bem.

Eu sinto-me seguro.

Eu sinto-me um com a Natureza.

Eu sinto-me feliz e extrovertido quando estou em público.

Eu sinto-me seguro aonde quer que vá.

Eu sinto-me segur comigo mesmo.

Eu sinto-me Seguro com amigos.

Eu sinto-me seguro a conhecer pessoas pela primeira vez.

Eu sinto-me seguro ao falar sobre mim mesmo.

Eu sinto-me normal em público.

Eu sinto-me normal a falar com outras pessoas.

Eu sinto-me normal a conhecer novas pessoas.

Eu sinto-me relaxado em público.

Eu sinto-me relaxado em interacções sociais.

Eu sinto-me relaxado ao conhecer novas pessoas.

Eu sinto-me relaxado ao expressar-me a mim mesmo.

Eu sinto-me relaxado a falar de mim mesmo.

In Vino Veritas


Meia noite. Batem as doze badaladas no velho sino da igreja. O velho arrepende-se de memórias passadas. A Lua cresce enquanto os jovens criam momentos que culminam numa espécie de antítese indulgenciária. Passeio pela baixa, dominado pela insónia que me tem vindo a derrotar nos passado smeses, e fico a pensar se será melhor ir para casa, afinal de contas está frio, mesmo sendo uma noite de verão. Decido que não. É infinitamente mais divertido ver jovens pré-pubescentes a sucumbir às aliciações de Baco. Sendo eu, um boémio já sem qualquer possibilidade de sentido de vida não me devia tocar especialmente esta cena, até porque penso nestas palavras bem influenciado, mas a verdade é que dói. Ser o que nunca fui, viver o que nunca vivi, atingir o potencial que eu nunca mais terei a possibilidade de atingir e provar-me que mesmo naquela tenra idade são seres já patamares acima do meu auge. Cada gole e cada risada são como flechas que penetram um ventrículo e que saem pelo oposto. Em vez de me esculpir, a minha mente diz-me para beber furiosamente e para registar estes testemunhos de raiva absoluta e de ódio para com a humanidade. Cada fado, mais triste que o anterior dita-me o fado de uma causa maior. Mas será maior essa causa que causa tanta racionalidade que me rebaixa e me destrói a causa de viver? Saberá tão bem a bebedeira para que, depois do êxtase a depressão volte a tomar controlo e me volte a banalizar e a controlar como humano susceptível? Capas negras como a morte à minha volta vão andando a cortar o vento. Excusado será dizer que apenas os fico a observar em puro nojo e admiração enquanto os abutres passam e eu vou ficando mais passado para o outro lado. Tinhas potencial para fazer isto, tinhas potencial para fazer aquilo. Se quisseses e te esforçasses terias muito sucesso. É  me tudo igual. Acabaria por ser um bêbado de qualquer maneira. Mais uma garrafa para o lixo. Mais uma potencial memória desperdiçada. E o fígado não agradece, o fígado, esse, não diz nada.