segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A morte veio de cima.

No alto da montanha ele espera
por algo que possa acontecer.
Não sabe quando nem o quê,
apenas sabe que não o vai perder.
«Será o momento do 'grande espectáculo'?»,
pergunta o sábio às aves que passam.
E com o mais belo dos silêncios elas lhe respondem
fitando pontos negros no infinito horizonte,
nesse mar feito de ar e de coisas invisíveis.
E então algo acontece:
o zumbido torna-se grito e abraça-o,
louco, revolto, inesperado.
A mágoa personificada em labaredas infernais
que incessantemente envolvem a terra e os demais,
queimando-a, matando-os,
pintando a tela de negro.
Tudo isto num momento, apenas.

Nesse dia, a morte veio de cima.