segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Momento

Arrasto-me até casa, com alguma dificuldade é certo. Tento-me encostar à parede mais próxima mas falham-me os apoios. Estou de facto um pouco embriagado, talvez até demais. Já sentado no chão, encosto a cabeça à parede e fecho os olhos por um momento. A escuridão invade a minha mente, entro num blackout completo. Um rodopio de emoções suga-me para o fundo e vou caindo, caindo, caindo.
O que a mim me pareceu um mero momento, suspeito que não tenha sido. Alguns minutos talvez. Fui acordado do meu transe por um carro que passou aqui perto, e então arranjo forças para me erguer. Respiro fundo mas rapidamente dou conta que a dor de cabeça ainda existe, fazendo-me cambalear enquanto tomo de novo o meu caminho.
Por fim encontro a porta do meu apartamento. Um apartamento modesto daqueles que se encontram nos subúrbios das grandes cidades. Lá encontro as chaves e a penumbra existente lá dentro envolve-me completamente.
A porta fecha-se atrás de mim e eu sigo até ao meu quarto. Aos tropeções, vou-me descalçando e tirando a roupa presa ao corpo. Tresando a álcool e a fumo de cigarro, resultado de uma noite passada no pub aqui da zona. Um local recatado e não muito frequentado, é certo, mas ideal para quem quer beber um pouco mais sem ter que dar muito nas vistas.
Finalmente alcanço a minha cama. Finalmente. Deito-me sobre ela e fixo o meu olhar no tecto escuro acima de mim. O último olhar consciente deste dia que parece não ter fim. Vou adormecer.

Vejo-te no lado negro da lua.