sexta-feira, 20 de maio de 2011

Não há nuvens no céu

Ontem estive à chuva. Enquanto estava à tua espera deitado no asfalto fui colhendo as vozes de quem se apressava para o trabalho com esperança de subir na vida. Dei conta que os subúrbios, por mais que pareçam nunca poderão ser tão felizes como o campo. Talvez reine a falsa felicidade, aquela que não está entranhada nas pessoas. Na minha mente estava à espera que me fosses acordar, que me beijasses como não houvesse amanhã. Não há desculpas para que eu te desculpe, se fosses mais devagar, tudo estava parado, consumado. Se me visse a elevar no alto, toda a minha vida a teus pés. Como querias que eu, de qualquer modo, não me visse ao espelho e desse conta que a vida é uma fantasia, um holograma? Se deixares o sol brilhar, talvez a tua sombra deixe de te seguir e se me largares talvez te encontres a ti, por que caminhos vais. Gosto de olhar fixamente para o vazio, senti-lo a corroer-me a alma, a sua simplicidade e a sua capacidade de intrigar os homens. Uma bela utopia, o infinito. De todas as utopias que dão asas os homens, o infinito é a que me agrada mais, talvez pelo seu mistério, talvez pelo seu brilho. Malícia passa suavemente através dos meus olhos, quando tento agarrar a andorinha cinzenta que faz o ninho no topo da montanha. Tal como eu previ, vi a vida e a morte do pássaro passar-me diante dos olhos. O eco da vida soa-me entre os ouvidos. A garantia de uma manhã mais suave percorre-me as veias. A garantia de que o sol voltará a nascer não existe. Se o temo? Não.

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