terça-feira, 12 de março de 2013

Ruído Branco

Luto contra o demónio da noite
Ele me fita, e sorri com malícia
De olhos tóxicos, levemente amaldiçoados
Ele me chama, me conquista

Saio de carro, até à avenida
São cinco da madrugada
Tudo morto, tudo inerte
Tal e qual como a minha vida

Fumo um último cigarro
Uma última chama arde
A córnea aumenta de tamanho
O coração bate mais forte

Perante os meus olhos,
A montanha-russa que foi a minha vida
Uma série de polaroids descoloridos, a preto e branco
Uma série de memórias que se vão evaporando

Mais uma passa, o tempo vai passando
Mais uma traça qualquer que vai voando
Tenho no corpo a sensação da morte
Tenho na mente a certeza da sorte

Olho através da janela e vejo uma senhora idosa
Ela ri e acena como se fosse uma ultima vez
Vejo um fotógrafo que captura uma ponte
Olho para ele e despeço-me.

Le photographe est mort
La vie est noir

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